19 de março de 2012

Nazismo light

Uma das poucas coisas boas do capitalismo é que ele coopera para a diversidade, os diferentes e as diferenças se encontram e meio que se encontram por acaso, como se esse encontro fosse natural, as vezes até óbvio. Em contrapartida a essa diversidade surge um movimento de preservação social onde é melhor não se misturar as coisas. Esse movimento não é feito por anti-capitalistas ou comunistas comedores de criancinhas, é regido e planejado pelos maiores beneficiados do capitalismo, daqueles poucos escolhidos que costumamos chamar de maioria.

Disso surgem coisas como UPPs desnecessárias que ultrapassam o Rio de Janeiro, limpeza geral de bairros já estabelecidos e polícia em tudo quanto é lugar pra deixar a população bem segura. É aquele negócio, quero o fim da violência, desde que isso não custe nada pra mim, desde que eu não tenha que conviver com esses que supostamente geram a violência — as minorias. Existe até uma certa resistência pra que essa minorias não subam demais na escala social e se tornem meus vizinhos.

De certa forma, existe um modelo que é o ideal, ele tem suas variáveis, mas pouco muda dele se comparado com o ideal do führer alemão (se você não consegue enxergar esse modelo compare os galãs das novelas e dos filmes, compare o estereótipo dos grandes empresários do nosso tempo, dos banqueiros e daqueles homens que foram entrevistados no filme Inside Job, os homens que controlam a economia, os políticos do mundo afora, e por favor não se atenha as exceções, pra tudo existem exceções, é provável que o próprio führer seja uma dessas exceções, e pra se fazer um modelo de algo você não conta as exceções, você faz o modelo!). Como o próprio nome já diz, é o modelo que deve ser seguido e todos devem se adequar a ele, seja por maquiagem, alisamento e escova, vestimenta, plástica e as vezes até despigmentação.

A diferença entre o agora e como foi no passado, e é essa diferença que torna esse nazismo capitalista light, é que não existem mais campos de concentração; na verdade trocamos eles por guetos 2.0 onde essas pessoas só saem para servir a maioria (se bem que entrar atirando pra matar em uma favela ou em uma cadeia, ou expulsar as pessoas de onde elas moram há uns 10 anos só porque quando essas pessoas se mudaram praquele lugar esse lugar pertencia a outra pessoa não me parece menos cruel que um campo de concentração, mas como sempre, quem sou eu…). No fim das contas existe essa força invisível que faz de tudo pra manter as coisas como estão pra que ninguém invente de trazer mudanças — mesmo que, muito provavelmente, essas mudanças sejam boas para todos.