11 de junho de 2012

Os perigos da Amazon

No que diz respeito a literatura e leitura, esse aumento da desumanização do espaço da informação aponta para a questão chave articulada pelo professor de estudos da informação Philip Agre: “Uma biblioteca digital é uma máquina ou uma instituição?” O que a Barnes & Noble* disse sobre o negócio original de venda de livros da Amazon é verdade na sua atual encarnação: Amazon não é uma loja de livros, mas sim um banco de dados, um vasto, desconhecido sistema, não muito diferente da Internet em si. E provavelmente é isso que o o ecosistema da Amazon e do Kindle melhor representam, uma Internet para os indiferentes; grande o bastante para aparecer imparcial e sem ameaça, controlada o bastante para não quebrar e não espantar os cavalos. Se o Kindle restringe seu conteúdo ao que é aprovado pela Amazon — e restringe mesmo — e se enclausura a experiência de leitura e reinvidica seus highlights e seus bookmarks † — e faz isso mesmo — é perdoável em troca do aparente acesso a todos os livros, agora, imediatamente e para sempre? Até onde estamos preparados para ter nossa experiência cultural mediado ou até controlado pela tecnologia? A resposta, a cada dia aponta mais, e o Kindle, para melhor ou para pior, é a ferramenta que nós escolhemos para negociar por nós.


Trecho do artigo From Books to Infrastructure, de James Bridle.


* Em 1997 a Barnes & Noble entrou com um processo contra a Amazon afirmando que [Amazon] não é uma loja de livros, é “falidora” de livros ([It] isn't a bookstore at all. It's a book broker).

† Dentro do Kindle você tem a opção de favoritar (bookmarks) e sublinhar (highlight) alguns trechos dos livros.