1 de dezembro de 2011

A ciência, as letras e as artes

Enquanto o governo e as leis suprem segurança e bem-estar aos homens reunidos, a ciência, as letras e as artes, menos despóticas e talvez mais poderosas, estendem guirlandas de flores sobre as cadeias de ferro que eles carregam, sufocam-lhes o sentimento da liberdade original para a qual pareciam ter nascido, fazem-nos amar a sua escravidão e formam o que chamamos de povos policiados.

A necessidade ergueu os tronos, as ciências e as artes os consolidaram. Poderosos da terra, amai os talentos, e protegei aqueles que os cultivam. Povos policiados, cultivai-os; felizes escravos, vós lhes deveis este gosto delicado e fino de que vos vangloriais, essa mansidão de caráter e essa urbanidade de costumes que tornam tão ameno e fácil o trato entre vós; em suma, a aparência de todas as virtudes, sem que se possua nenhuma delas.

J. J. Rousseau, em seu Discurso premiado de 1750