12 de março de 2012

Historieta da Futura

No verão de 1924 Siegfried Buchenau, o fundador do jornal de bibliógrafos, Imprimatur, levou Jakob Hegner para visitar Renner no seu estúdio em Munique. Hegner, que comandava uma editora e uma gráfica em Hellerau perto de Dresden, era um novo campeão de tipografia romana na Alemanha para a publicação de literatura moderna. Hegner procurava um designer para um tipo moderno e intimou Renner para o projeto. Hegner acreditava que só um ilustrador poderia carregar essa empreitada, tinha receio que ‘os grandes mestres da arte de escrever poderiam abordar essa tarefa com muito preconceito’. No próximo dia Renner desenhou muitas versões das palavras ‘Die Schrift unserer Zeit’ (o tipo do nosso tempo), as quais Renner sugeriu serem palavras que Hegner usou para ele. Buchenau e Hegner gostaram da versão que mais tarde seria Futura, Renner rapidamente forneceu os outros caracteres — desenhados em papel para desenho azul — e mandou para Hegner. Renner não ouviu nada de seus desenhos por meses e pediu-os de volta. Mandou os desenhos para um ex-aluno seu, Heinrich Jost, consultor de arte na Bauer fundidora de tipos em Frankfurt, que mostrou os desenhos pro dono da fundidora, Georg Hartmann. Hartmann ficou entusiasmado com o desenho e uma longa colaboração começou com a manufatura imediata de um tamanho de teste no inverno de 1924-25.

Renner especificamente datou seus desenhos e os tipos de teste em uma palestra de 1947, quando ele começou a sentir que muitos tipos similares estavam sendo lançados quase que simultaneamente a Futura no final de 1927: por exemplo Kabel de Rudolf Koch (Klingspor), Neuzeit-Grotesk e Elegant-Grotesk (as duas pela Stempel). Erbar-Grotesk (Ludwig & Mayer), que é muito similar nas formas das capitulares a Futura, foi lançada em 1926, antes da Futura, ainda que Renner reclamou que também essa se inspirou fortemente em seu desenho, que já havia sido publicado antes em 1925. Mais tarde Renner reivindica, sem saber quanto tempo demorava para fazer uma fonte, que, ‘sem pensar’, mostrou slides das primeiras provas dos testes em palestras durante 1925, e ‘disse para todo o mundo o que me levou a essa nova forma tipográfica’. Renner explicou a demorada gênese da Futura (do fim de 1924 até o começo de 1928) como resultado da sua colaboração com Georg Hartmann na Bauer, cujos padrões de excelência batiam com os de Renner. O tipo poderia ter ficado pronto antes, mas Renner e Hartmann não estavam contentes até que muitas versões teste fossem rejeitadas no interesse de atingir as sutis características de desenho que dessem a aparência de verdadeiras letras geométricas.

por Ricardo Locco