Quando comecei a pensar sobre Elementar, sistema tipográfico de Gustavo Ferreira, para minha coluna no LOGOBR, logo me veio a mente que este é um projeto meio datado, pois afinal as telas tem ficado cada vez melhores, aos poucos, nós, designers, já podemos nos dar ao luxo de escolher uma Garamond ou uma Scala em suas versões digitais originais, talvez sem as devidas adaptações, para nossos sites e aplicativos digitais.
Mas isso se limita a Apple, que sozinha tem uma grande fatia do mercado, mas é questão de tempo — se é que já não é assim — pra que a fatia maior se divida em pequenos produtos de menor qualidade baseados em Android ou Windows Mobile com telas com menor resolução em com hardware de menor qualidade.
O ambiente de telas de baixa resolução ainda é regra deve se manter dessa forma ainda por uns 10 anos, senão mais. A Positivo já lançou um tablet com e-paper e os e-readers, liderados pelo Kindle, são uma realidade que se utilizam de fontes feitas para o ambiente impresso em aparelhos de leitura digital. Tirando a Nokia, que encomendou uma família tipográfica para seus aparelhos e identidade visual, grande parte das outras marcas insiste em usar fontes que já estão no mercado e que supostamente “funcionam” sem questionar ou ir atrás de melhores soluções tipográficas para seus aparelhos (a Apple, cujo líder se dizia super influenciado pela caligrafia, usa a Helvetica em todo o seu iOs e a Helvetica não serve para tamanhos pequenos em uma tela LCD, as letras são muito fechadas e largas e um iPhone ou iPod não tem uma tela muito grande para se dar ao luxo de uma fonte espaçosa como a Helvetica).
Voltando a Elementar, apesar de parecer que a gente caminha para um mundo HD, a regra ainda é o YouTube. Existem muitos aparelhos de alta definição mas nossa banda não permite tanta qualidade. Ambientes de baixa qualidade ainda são muito comuns e vão demorar um tempo pra deixar de existir, se é que vão deixar de existir algum dia.
O mundo do design comemora um macbook com tela HD e vai se iludindo esquecendo que a maior parte do público ainda vai usar um netbook ou um celular da Samsung com uma tela comum com 72 a 100 dpi.